Na manhã deste domingo (3), candidatos do concurso da Secretaria Municipal de Saúde (Semsa) reclamaram novamente do exame. Desta vez o problema apresentado foi referente ao endereço da prova indicado no documento de confirmação. Outra irregularidade foi a troca de provas relatada pelos candidatos.
De acordo com um candidato que não se identificou, o documento de confirmação teria informado o endereço da Escola Estadual Professor Juracy Batista Gomes como sendo no Bairro Novo Aleixo, Zona Norte de Manaus, quando, na verdade, a escola fica localizada no Bairro Amazonino Mendes, Zona Norte.
O erro no endereço indicado no documento pode ter prejudicado muitos alunos. Quem chegou após as 8h não pôde realizar o exame e ficou do lado de fora. "Perdi a prova por não ter achado o endereço, apesar de ter saído cedo de casa em mais de uma hora. Me senti lesado e vou correr atrás dos meus direitos. Não tenho culpa se não passam a informação corretamente", afirmou o candidato.
Ainda na mesma escola, outro problema ocorrido envolveu a troca de provas. Segundo um dos candidatos, Emerson de Souza, que concorria para uma vaga como assistente de saúde, a prova que eles receberam era especificamente para motorista.
"Recebemos os envelopes lacrados, com a prova dentro, por volta das 8h20. As etiquetas dos envelopes estavam corretas, com o nome e a categoria do candidato informados corretamente. Contudo, ao abrirmos os envelopes, as provas que estavam dentro era para a categoria de motorista. Esperamos cerca de uma hora e meia pela chegada da prova correta, mas isso não aconteceu", informou o candidato.
De acordo com Emerson, mais outras quatro salas passaram pelo mesmo problema, totalizando cerca de 200 alunos prejudicados pela marcação errada na identificação da prova. "Muitos dos colegas se sentiram prejudicados e, ao se retirarem do local de prova, se dirigiram à delegacia para dar queixa", completou o estudante.
Ainda segundo o candidato, as provas que seriam realizadas neste local, no horário da manhã, foram canceladas.
Problemas anteriores
Os problemas na realização do concurso começaram na semana retrasada, na manhã de sábado (27), durante a aplicação das provas de nível médio. Candidatos de 11 salas da Faculdade Metropolitana de Manaus (Fametro), na Avenida Constantino Nery, Zona Centro-Sul, receberam as provas com cerca de uma hora de atraso.
Durante a tarde, as provas para os cargos de níveis superior e fundamental foram canceladas depois que a secretaria Municipal de Administração da Prefeitura (Semad) constatou falhas técnicas na elaboração das questões. No dia seguinte, a repetição de questões foi apontada pela Secretaria como o motivo para o cancelamento dos exames.
Concurso e a Justiça
Na sexta-feira (1º), uma decisão liminar da juíza plantonista Cláudia Monteiro Pereira Batista, da 13ª Vara do J.E.Cível, havia suspendido a realização dos exames. Na decisão consta ainda que o exame realizado pelos graduados em medicina também foi suspenso, e que se a prefeitura contrariasse o cancelamento, aplicando as provas neste domingo, deveria pagar uma multa no valor de R$ 500 mil.
A decisão era resultado da ação cautelar instaurada, na quinta-feira (31), pelo Ministério Público do Estado do Amazonas (MPE/AM) que pedia a suspensão das provas do concurso no domingo, bem como a não publicação de qualquer resultado das provas já aplicadas.
Neste sábado (2), o desembargador Jorge Manoel Lopes Lins, do Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM), cassou, no fim da tarde, a liminar que suspendia o concurso da Secretaria Municipal de Saúde (Semsa). Na medida, ele deu parecer favorável ao recurso da Prefeitura de Manaus, autorizando a aplicação das provas neste domingo (3). Com a determinação, 75 mil candidatos devem fazer o concurso da secretaria para o preenchimento de 1.390 vagas.
O desembargador justificou que o concurso já estava com a logística pronta e a sua suspensão, baseada apenas em indícios de irregularidades, "traria prejuízo público muito maior".
